Quando comecei a remodelar o meu quarto não pensei que me fosse custar tanto. E não estou a falar do carregar coisas pesadas ou dos arranhões ou nódoas negras ou até dos ataques da minha alergia ao pó.
Este foi um projecto sonhado a dois, à um ano atrás, por duas pessoas que se "amavam" e queriam partilhar um futuro e agora cá estou, sozinha, novamente, a tentar erguer a minha vida. Cada vez que em sento neste chão, nestas quatro paredes vazias, vejo que os abismos que a distância cria, tornam-se maiores, e as pontes que eram feitas de laços e afectos ruíram e já nada as seguras. Ficaram apenas as palavras amargas e as lágrimas de dor.
Por vezes gostaria de poder dizer-lhe que sinto a sua falta, dos sorrisos e das conversas serenas e que precisava mesmo de um amigo. Mas sei que não o devo fazer, que na sua vida não existe lugar para mim e que tal como ele, antes de mim, devo erradicá-lo da minha vida. Fingir que nunca nos conhecemos e que nunca tivemos um passado.
Por isso quero que esta noite escura acabe, para que amanheça brevemente e eu posso ver de novo a luz e seguir em frente.
Eu sei que o meu futuro é ser só, desde muito cedo que o soube, nunca o quis aceitar, mas sei que faz parte de quem eu sou e por isso não me posso revoltar mais. O quarto, bem o quarto será remodelado aos poucos, sem vestígios da pessoa que já fui. Sem sorrisos nem sonhos. Vazio e só.
Sem comentários:
Enviar um comentário